Retalhos

"Entre o sono e o sonho, entre mim e o que em mim é quem eu me suponho, corre um rio sem fim."

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Sou um contentamento descontente

sexta-feira, setembro 29, 2006

GRITO


Escrever é gritar sem barulho.

quinta-feira, setembro 28, 2006

Caberá a noite na tua ausência?


A luz do dia partiu para uma estranha nostalgia...outra noite se instala e o silêncio rouco surge.
É um enigma o estranho sentimento que nos une. Longe do olhar dos outros, respiramos ao mesmo tempo, como uma só engrenagem, sem que ninguém dê por isso. Respiras para eu te poder respirar.
Há quantas vidas sigo o teu cheiro...esse cheiro que deixaste preso a mim!
Por entre ti me perco. O conforto de te ter brota-me dos olhos e vagueio na escuridão com a certeza de ter encontrado paz. Paz na profundeza dos teus braços.
Caberá a noite na tua ausência?

Mais um retalho


Olho o dia e ele olha-me com um esgar trocista.
Olho pela minha janela e ele lá está: cinzento como a minha alma.
Um cinzento que comigo se deitou e comigo se levantou.
Eu sei que o sol está lá, que teima em aparecer. Está naqueles raios que vislumbro , como está em mim.
Sinto-me cansada. Tão cansada destes dias vazios que apenas me puxam pra fora da cama para me dizer que tenho de continuar.
Mas tudo é vago e indefinido...
Lento, tudo é tão lento!
Entediam-me as noites longas passadas demoradamente, sem sono.
Passo por aqui para descansar desta canseira de alma...
e alinhavo mais um retalho.
De mim.

terça-feira, setembro 26, 2006

Luxúria


A nossa guerra é a dos corpos.Quando nos agarramos sofregamente.Quando nos possuimos com fome.A guerra não é o que vemos todos os dias noticiado na televisão.Aí só vemos morte.A estupidez humana.
A nossa guerra é vida.É a conquista do teu corpo.Milimetro a milimetro.Não é a conquista de nenhum território.
É derrubar as tuas defesas.Não é derrubar nenhum estado ou governo.
Nesta guerra dos corpos somos sempre derrotados e vencedores.

segunda-feira, setembro 25, 2006

Porque escrevo


Esta noite sinto-me a balançar na Lua...Aliás, este é o meu estado de alma mais recorrente: a balançar. No Sol, no Vento, nas Árvores. Neste momento, na Lua. Mas porque escrevo sobre isso?

Escrevo sem pretensões. Não escrevo emoções exacerbadas. O que escrevo é tudo o que tenho de verdadeiro em mim, é tudo o que sou, porque é tudo o que sinto...
Por isso escrevo. Parece-me a maneira mais plausível de mostrar que tudo o que penso é verdadeiro. As palavras ditas voam, as escritas ficam para sempre...através dos tempos...e um dia que eu desapareça deste mundo físico, ficará registado nestas palavras a minha essência...mesmo que muitas vezes me pareça estúpido o que escrevo. É que a dimensão dos meus sentimentos é tal que não encontro nada ( com certeza, nem mesmo estas palavras escritas que parecem já tão gastas!) com que possa realmente exprimi-los...

sexta-feira, setembro 22, 2006

Desperta!

Despertar...
Procuro o meu despertar...
É nestes dias, em que tudo me falha, que procuro despertar.
Nestas noites falhadas, que procuro o que me falta, quero despertar e não mais adormecer.
Despertar desta noite interior (sentidas palavras do meu amigo Pessoa) e acordar em direcção à luz das estrelas e dos sonhos...

quinta-feira, setembro 14, 2006

Sei o que vive em mim


Por vezes, a tristeza e a melancolia invadem-me. Atiram-me para um recanto e não me deixam levantar. O silêncio ouve-se ranger . Explode entre as paredes. Range, mói, rodopia à minha volta... Só não sabe (ainda) que o suporto... e que por vezes sinto até saudades dele...
Desengane-se quem me dá por vencida perante a melancolia....perante a minha tristeza. Minha tristeza, sim. Minha porque sempre me acompanhou, sempre me acompanha, mesmo junto com a alegria. O meu Ser feliz, é tudo isto: o silêncio, a melancolia, a alegria, a tristeza. Agora sei que sim...
Aquele portão fechou-se para sempre, atrás das minhas costas. Sei o que vive em mim. O que me habita.
O som vazio do vento corta o silêncio e regresso.

terça-feira, setembro 12, 2006

Preguiça


Espreguiço-me....dou-me ao sol, estico-me e tento tocar o céu . Quero enredar as nuvens na ponta dos meus dedos, fazer um novelo...Quero pairar e rodopiar por aí e balançar-me nos pensamentos perdidos, para a frente e para trás...para trás e para a frente...numa cadência preguiçosa, com sabor a algodão doce...

Ao longe as árvores acenam-me, resplandescentes do sol! Gritam-me esperança! Eu ouço-as, eu sei. Mas hoje não me dou a ela. Hoje dou-me ao sol, à preguiça.